Flauta frigia ânimos incita
à ira, corrobora a guerra lírica
a alma animal desarma
SILÊNCIO AMANHECE
Silêncios escuros onde
sol de escaravelhos se esgueira
e descobre incêndios de grito
no calendário do intimo
SER E TRÓPICO
Sou áspero, duro, infinito como o cacto
lixa árida, graveto cônico, árduo e cavo tronco
sou rural e a canção da vaca tange a minha rede
ODE DO TRÂNSITO
O declinante tempo não apressa o poema
o verso virá do espaço da página
não das ilhas ridículas dos ritmos azuis
ROXA PÁLPEBRA
Com a matéria da insônia teço
relâmpagos de leite na lenta horta
do impreciso cais onde olhos naufragam
ALGUÉM
Alguém tem meus cílios leprosos
alguém fechou-me as pálpebras velozes
as portas, as caixas, o futuro
ODE DE FOGO
Do pasto celeste vivem Deus e as estrelas
e da colheita de porcelana da alma os santos
(como D. Hélder Câmara e Dom Vital,
BUSCA ÍNGREME
Busco pelos íngremes
ângulos do meu rosto
pelo sulcos acres
COROS
Coros de nostalgia
cria nas cigarras o crepúsculo
com lençóis e remédios
A POLISSEMIA NUA
Vital Corrêa de Araújo
Aos leitores do site Poesiabsoluta no âmbito da coluna Paradoxos e provocações literários, trago a questão do significado em poesia.