Sthéfane Mallarmé, um dos fundadores da modernidade poética, se obstinha em não agradar aos leitores mais sensíveis, viciados no facilitário da compreensão. Exigia pois, do seu qualificado (e bastante inumeroso) leitor, suor compreensivo.
Mallarmé considerava a clareza poética, a frase conclusiva, o verso certinho graça bem secundária, afirma Valéry.
Poesia é para nós (nos) compreendermos e não para sermos compreendidos.
Quando acoimaram Mallarmé de obscuro, ele perguntava se a obscuridade provinha de insuficiências do leitor ou da poesia.
O poeta, dispara Mallarmé, não pode exibir o sentido do poema numa bandeja dourada à mão (beijada) do leitor, senão não passará de um simples camelô da literatura, mercador de palavras bonitas, pio escultor de frases de efeito, a batear gemas pérolas, joias verbais preciosas mas sem valor poético real. Mero adereço do espírito parco (subtraído).